Tem certos dias que a gente esquece de acordar, de olhar para os céus e apreciar o vôo do urubu. Tem certos dias que a gente não se lembra de levantar a cabeça e seguir em frente.
Dias em que a gente não pede a Ogum sua proteção e que se esquece de dizer bom dia às garis que varrem as ruas. Tem certos dias que a gente não agradece as gentilezas e nem se lembra de ser gentil.
Tem certos dias que a gente se acomoda na correnteza da vida e se deixa levar para onde não se queria ir. Dias em que nem o sorriso da Princesa faz a gente sorrir. Tem certos dias que a inspiração estanca e o pranto escorre pelos cantos dos olhos.
Tem certos dias em que a gente se vê acuado por coisas sem importância e impotentes permite à inércia se aproximar. Tem certos dias em que a gente não quer que os mistérios da vida venha atormentar. Tem certos dias que a gente não quer ser a gente.
Jorge Nicoli
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