Noite
Fria
Noite fria. Jorge hoje resolveu descansar, por isso a lua
é apenas um sinal no escuro céu. Caminho pela rua deserta habitada pelos
fantasmas de um velho filme de terror.
Silêncio, às vezes, quebrado pelo som da voz de uma
sereia que habita em meus sonhos e me seduz em minha solidão. O vento que uiva
baixinho penetra em minh´alma e faz aquela noite fria ficar ainda mais fria.
Caminho em direção a lugar nenhum, numa rua que não tem
fim e, vez ou outra, deparo com minha imagem nas vitrines iluminadas com velhos
lampiões de gás. Imagem distorcida pela chama. Uma ave noturna pousa em meu
ombro e um gato cinza se aninha em meus braços e os fantasmas aplaudem minha
passagem, enquanto a sereia se materializa em meus devaneios. Me deixo seduzir
e pelas asas do desejo desapareço na escuridão daquela noite fria.
Emílio
Migliori
Colaborador
do
Sopa
de Cebola
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