Uma Mulher sem Areia Nenhuma
Tenho o santo horror da frieza
calculada, da boa educação, do prudente juízo duma mulher.
Aos homens pertence tudo isso,
e a mulher deve ser muito feminina, muito espontânea, muito cheia de pequeninos
nadas que encantem e que embalem.
Meu amigo, se esperas ter uma
mulher sem areia nenhuma, morres de aborrecimento e de frio ao pé dela e não
será com certeza ao pé de mim...
Comigo hás-de ter sempre que
pensar e que fazer. Hás-de rir das minhas tolices, hás-de ralhar quando elas
passarem a disparates (hão-de ser pequeninos...) e hás-de gostar mais de mim
assim, do que se eu fosse a própria deusa Minerva com todo o juízo que todos os
deuses lhe deram.
Florbela Espanca
Poetisa nascida em
Portugal em 1894
=============================================
Nenhum comentário:
Postar um comentário