quarta-feira, 8 de março de 2017


Feminismo como defesa dos direitos da humanidade

Como estrutura do poder o patriarcado só pode ser desmontado pelo feminismo como teoria e prática, movimento social que traz à tona as contradições internas do sistema patriarcal.

Nesta linha, um dos primeiros feminismos consistentes foi o de Mary Wollstonecraft que no final do século XVIII defendia, contra Burke e Kant, que o feminismo era uma luta pelos direitos da humanidade e não simplesmente uma inversão da estrutura do poder que deveria passar de direito dos homens às mulheres.
O que chamamos humanidade é um ideal, o da universalidade de direito sempre defendido pelos pensadores humanistas e iluministas.

Facilmente, contudo, caiam na contradição de excluírem deste direito da humanidade algo como a metade da humanidade composta pelas mulheres.

Kant, o mais curioso defensor destas idéias, propunha uma espécie de universal com dois pesos e duas medidas. As mulheres participariam apenas sustentadas como objetos do “direito pessoal da espécie real  que garantia a posse de uma pessoa como se fosse uma coisa.

A rigor, apenas o feminismo de Wollstonecraft seria uma verdadeiro iluminismo.

Não é exagero dizer, deste ponto de vista, que a humanidade como ideal moderno nasce sob o signo da falsidade. Sob um ideal tão magnânimo, jazia uma pestilência simbólica.

O feminismo avançou na contramão desta fonte intelectual que acreditava piamente num modelo da razão sem autocrítica a imperar autoritária sobre tudo e todos, uma razão que, ao contar com a precariedade intelectual e prática do outro, sempre visto em bom português como otário, era, na verdade, cínica. Cinismo que traiu a todos.

O feminismo é, hoje, uma prática da dúvida sobre toda verdade que se pretenda “espertinha”. Feminismo é ainda anti-cinismo. O feminino, infelizmente, apenas mistificação.

Márci Tiburi

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Sábia Indecisão

Muito Mais Que Um Grupo de Teatro 

 


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