Feminismo
como defesa dos direitos da humanidade
Como
estrutura do poder o patriarcado só pode ser desmontado pelo feminismo como
teoria e prática, movimento social que traz à tona as contradições internas do
sistema patriarcal.
Nesta
linha, um dos primeiros feminismos consistentes foi o de Mary Wollstonecraft
que no final do século XVIII defendia, contra Burke e Kant, que o feminismo era
uma luta pelos direitos da humanidade e não simplesmente uma inversão da
estrutura do poder que deveria passar de direito dos homens às mulheres.
O
que chamamos humanidade é um ideal, o da universalidade de direito sempre
defendido pelos pensadores humanistas e iluministas.
Facilmente,
contudo, caiam na contradição de excluírem deste direito da humanidade algo
como a metade da humanidade composta pelas mulheres.
Kant,
o mais curioso defensor destas idéias, propunha uma espécie de universal com
dois pesos e duas medidas. As mulheres participariam apenas sustentadas como
objetos do “direito pessoal da espécie real que garantia a posse de uma pessoa como se
fosse uma coisa.
A
rigor, apenas o feminismo de Wollstonecraft seria uma verdadeiro iluminismo.
Não
é exagero dizer, deste ponto de vista, que a humanidade como ideal moderno
nasce sob o signo da falsidade. Sob um ideal tão magnânimo, jazia uma
pestilência simbólica.
O
feminismo avançou na contramão desta fonte intelectual que acreditava piamente
num modelo da razão sem autocrítica a imperar autoritária sobre tudo e todos,
uma razão que, ao contar com a precariedade intelectual e prática do outro,
sempre visto em bom português como otário, era, na verdade, cínica. Cinismo que
traiu a todos.
O
feminismo é, hoje, uma prática da dúvida sobre toda verdade que se pretenda
“espertinha”. Feminismo é ainda anti-cinismo. O feminino, infelizmente, apenas
mistificação.
Márci
Tiburi
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Sábia Indecisão
Muito Mais Que Um Grupo de Teatro
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