terça-feira, 23 de junho de 2015

Pra não dizer que
não falei de futebol

            Falar de futebol numa publicação voltada para a cultura pode parecer estranho, porém entendo que este esporte faz parte da cultura brasileira. Talvez de quase todo o mundo.

Lógico que não sou ingênuo de achar que o futebol, nos dias de  hoje, seja tão somente um esporte. As suspeitas de corrupção e de arbitragem comprometida provam isso. O futebol passou a ser um grande mercado e a Copa do Mundo um show business.

 Jogador não ama mais o clube e aqueles beijinhos no distintivo não passa de uma jogada de marketing.

            Se não sou ingênuo, pode acreditar, sou um saudosista em matéria futebolística. Não adianta tentar me convencer que o futebol mudou, que não existe mais bobo dentro do campo. Não me convenço.

Ainda são onze contra onze, correndo atrás de uma bola. Claro que bola e chuteira são mais leves, mas as traves e a necessidade de se marcar gols para vencer não mudaram; Uma ou outra regra modificada, mas o campo é demarcado da mesma maneira, obedece padrão. Enfim, nada mudou de fato no esporte bretão.

            Ah! Sim, mudou o salário e o técnico passou a ser professor, embora pouco ensine aos seus alunos. E todo este discurso é tão somente para justificar a falta de talento que campeia pelos nossos campos.

Chutão para a arquibancada é comemorado como se fosse gol em final de Copa,  carrinhos dão status de craque, e zagueiro que não sabe matar uma bola é beque-beque. Aí só vestir a amarelinha.  O center-alf – nossa, fui longe – só precisa desarmar, acertar o passe, um mero detalhe, que tem pouca importância. O importante é mão sofrer gol. 

Ponta que não sabe marcar nunca será contratado, pois o lateral do adversário pode ser perigoso no over lap. Nenhum jogador que se preze dece ter menos de 1,80 m de altura, não importando a posição.

            Não me convenço. O futebol continua sendo o mesmo. Mudou a mentalidade, mudaram os interesses e as relações, mudou o discurso.  

Antes, ganhar e convencer, era o que se buscava, agora, o que importa é ganhar, o maldito futebol de resultado que transforma medíocres em craques e alguns técnicos inexpressivos.em gênios

            Às vezes fico fazendo exercício mental, a imaginar o professor desses que ganham fortunas mandando o Gérson marcar o volante venezuelano, ou o Pelé ajudando no lado do campo, marcando o lateral da Nova Zelândia. O Garrincha acompanhando um perna de pau da Jamaica até a área do Brasil. Sem preconceito, pois não sou dado a isso, só que naqueles tempos, jogos contra eles para cumprir tabela e fazer saldo de gols.

O discurso de que não trem mais bobo no futebol é para esconder a preguiça de se pensar e ver o futebol como realmente ele é.

            Bem, acho que estou envelhecendo e me tornando um chato.

Jorge Nicoli




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