Pra não dizer que
não falei de futebol
Falar de
futebol numa publicação voltada para a cultura pode parecer estranho, porém
entendo que este esporte faz parte da cultura brasileira. Talvez de quase todo
o mundo.
Lógico que não sou ingênuo de
achar que o futebol, nos dias de hoje, seja
tão somente um esporte. As suspeitas de corrupção e de arbitragem comprometida
provam isso. O futebol passou a ser um grande mercado e a Copa do Mundo um show
business.
Jogador não ama mais o clube e aqueles
beijinhos no distintivo não passa de uma jogada de marketing.
Se não sou
ingênuo, pode acreditar, sou um saudosista em matéria futebolística. Não
adianta tentar me convencer que o futebol mudou, que não existe mais bobo
dentro do campo. Não me convenço.
Ainda são onze contra onze,
correndo atrás de uma bola. Claro que bola e chuteira são mais leves, mas as
traves e a necessidade de se marcar gols para vencer não mudaram; Uma ou outra
regra modificada, mas o campo é demarcado da mesma maneira, obedece padrão.
Enfim, nada mudou de fato no esporte bretão.
Ah! Sim,
mudou o salário e o técnico passou a ser professor, embora pouco ensine aos
seus alunos. E todo este discurso é tão somente para justificar a falta de
talento que campeia pelos nossos campos.
Chutão para a arquibancada é
comemorado como se fosse gol em final de Copa,
carrinhos dão status de craque, e zagueiro que não sabe matar uma bola é
beque-beque. Aí só vestir a amarelinha. O
center-alf – nossa, fui longe – só precisa desarmar, acertar o passe, um mero
detalhe, que tem pouca importância. O importante é mão sofrer gol.
Ponta que não sabe marcar nunca
será contratado, pois o lateral do adversário pode ser perigoso no over lap.
Nenhum jogador que se preze dece ter menos de 1,80 m de altura, não importando
a posição.
Não me
convenço. O futebol continua sendo o mesmo. Mudou a mentalidade, mudaram os
interesses e as relações, mudou o discurso.
Antes, ganhar e convencer, era o
que se buscava, agora, o que importa é ganhar, o maldito futebol de resultado
que transforma medíocres em craques e alguns técnicos inexpressivos.em gênios
Às vezes
fico fazendo exercício mental, a imaginar o professor desses que ganham fortunas
mandando o Gérson marcar o volante venezuelano, ou o Pelé ajudando no lado do campo,
marcando o lateral da Nova Zelândia. O Garrincha acompanhando um perna de pau
da Jamaica até a área do Brasil. Sem preconceito, pois não sou dado a isso, só
que naqueles tempos, jogos contra eles para cumprir tabela e fazer saldo de
gols.
O discurso de que não trem mais
bobo no futebol é para esconder a preguiça de se pensar e ver o futebol como
realmente ele é.
Bem, acho
que estou envelhecendo e me tornando um chato.
Jorge Nicoli
Apoio Cuktural
Gráfica Color 7
Tel. 3157 8910
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