Reflexão solitária
Dizem
que tudo já foi dito. Todos os conceitos sobre todas as coisas já foram
emitidos. Enfim não existe nada de novo no universo da literatura ou da
filosofia.
Acredito
ser uma realidade e como não tenho nenhuma vontade de ser diferente, muito
menos nenhuma queda para a genialidade,
vou repetir algo do qual existem teses e teorias. Mesmo porque é da natureza
humana e tudo que se refere ao ser humano é sempre possível ser repetido.
O ser humano tem a estranha mania de se repetir.
Não tenho nenhum pudor em cometer este desatino.
E
tem mais, inúmeras vezes escrevi sobre minha necessidade vital de escrever.
Como disse Clarice: “quando não escrevo me sinto morta”. Sem traço de
comparação, sinto o mesmo. Por isso escrevo.
A
solidão era um tema recorrente em Clarice. Uma palavra que, não raro, aparece
em meus escritos, Sou um solitário. Embora sendo extremamente sociável, vivo sozinho.
O que é a solidão? É
estar só. Um ou outro diz que, mesmo rodeado por muita gente, se sente só. Há
os solitários mesmo ao lado de parceiros.
Estar só é estar na
solidão? Nem sempre. Às vezes, é tão somente uma sensação passageira. Um
sentimento de desamparo.
Já fiz referência à
frase de um amigo: “a maior solidão é a de não sentir saudade”. Segundo ele, a
saudade é a companheira, a qual se abraça para se sentir menos solitário. Como
sinto pouca saudade, ou quase nenhuma, pouco posso acrescentar.
Alguns
temem a solidão Entram em pânico só de se imaginarem sozinhos. Aí investem relacionamentos
esgotados, apenas para não se sentirem sós e na expectativa vã que o outro lhe
preencha o vazio. Não seria uma solidão a dois? Não
sei.
Tem
gente que busca a solidão temporária, como forma de fazer reflexões ou para
produzir alguma coisa. Um livro, uma tese, um conceito, talvez, mais um sobre a
própria solidão.
Há os que vivem só, dizendo
que não estão tão sozinhos, porque têm a companhia de Deus. Questão de fé. A fé
não admite outra definição ou conceito. Por isso é a fé. Não pretendo discutir
esta parceria com Deus, mesmo achando que Ele tem muita coisa a fazer para se
prestar a ser acompanhante exclusivo de um solitário
Na realidade não sei se
consegui dizer algo minimamente interessante sobre a solidão. Se com este texto
acrescentei alguma coisa ao tema, como disse, já amplamente explorado.
De qualquer forma, fica
a certeza de que vou sobreviver por mais um tempo, como também entender que a
minha solidão veio naturalmente, conseqüência das minhas escolhas vida adentro.
Jorge Nicoli
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Casa Cobianchi
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