A Vaidade da Tua Imagem
Só podes ter
esperanças de ser fiel se sacrificares a vaidade da tua imagem. É dizeres: “Eu
penso como eles, sem distinção.” Ver-te-ás desprezado. Mas sendo, como és,
parte desse corpo, queres lá saber do desprezo!
Em vez de te
importares com ele, agirás sobre esse corpo. E carregá-lo-ás com a tua própria
inclinação. E irás buscar a tua honra à honra deles. Porque não há outra coisa a esperar.
Se tens motivos
para teres vergonha, não te exponhas. Não fales. Rumina a tua vergonha. Essa
indigestão que te forçará a restabeleceres-te na tua casa é excelente. Porque
depende de ti. Mas aquele acolá tem os membros doentes.
Que faz ele? Manda
cortar os quatro membros. É doido. Podes procurar a morte para que ao menos em
ti respeitem os teus. Mas não podes renegá-los, porque então é a ti que te
renegas.
Antoine de Saint-Exupéry,
Escritor, nascido na França em 1900
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