quinta-feira, 18 de janeiro de 2018



 A Vaidade da Tua Imagem


Só podes ter esperanças de ser fiel se sacrificares a vaidade da tua imagem. É dizeres: “Eu penso como eles, sem distinção.” Ver-te-ás desprezado. Mas sendo, como és, parte desse corpo, queres lá saber do desprezo!

Em vez de te importares com ele, agirás sobre esse corpo. E carregá-lo-ás com a tua própria inclinação. E irás buscar a tua honra à honra deles.  Porque não há outra coisa a esperar. 

Se tens motivos para teres vergonha, não te exponhas. Não fales. Rumina a tua vergonha. Essa indigestão que te forçará a restabeleceres-te na tua casa é excelente. Porque depende de ti. Mas aquele acolá tem os membros doentes.

Que faz ele? Manda cortar os quatro membros. É doido. Podes procurar a morte para que ao menos em ti respeitem os teus. Mas não podes renegá-los, porque então é a ti que te renegas.


Antoine de Saint-Exupéry,
Escritor, nascido na França em 1900


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