segunda-feira, 30 de novembro de 2015



CAPAS DE LP

Série “Nada é Estranho”



As capas de discos infantis mais assustadoras do mundo (7)

As capas de discos infantis mais assustadoras do mundo (3)




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            SOPA DE CEBOLA
Compartilhando inteligência





O que não era para ser

Um domingo
igual a outros domingos,
uma manhã idêntica
a tantas outras.

Eu soltando meus pensamentos
como de costume
a tocar as teclas e a fazer versos
para as eternas catarses.
A criar imagens oníricas
para não estar comigo,
com o medo do apego
e do lidar com o que é do coração.

Se tudo é igual,
não é normal  eternizar o que era para ser fugaz,
se tudo se parece
nada se  parece com essa coisa
a me apertar a garganta,
 a me prende o ar
e a sufoca o peito.

Um domingo como tantos outros,
uma manhã como outras manhãs,
uma busca inútil
para me encontrar com os velhos versos
e fugir do que não era para ser.

Jorge Nicoli

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            SOPA DE CEBOLA
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A chave do desejo



Todos os desejos são contraditórios como o do alimento.

Gostaria que aquele que amo me amasse. Mas se ele me for totalmente dedicado, deixa de existir, e eu deixo de o amar.

E enquanto não me for totalmente dedicado, não me amará o suficiente. Fome e saciedade. 

     O desejo é mau e ilusório, mas, no entanto, sem o desejo não esquadrinharíamos o verdadeiro absoluto, o verdadeiro ilimitado. É preciso ter passado por isto.

Infelizes os seres a quem o cansaço subtrai esta energia suplementar que é a fonte do desejo.  Infeliz, também, aquele a quem o desejo cega. 

É preciso arrastar o desejo até ao eixo dos pólos. 


Simone Weil,
1909/1943
Filósofa francesa

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            SOPA DE CEBOLA
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domingo, 29 de novembro de 2015



Um Bolero

As paredes descascadas pelo tempo
ostentam imagens desconexas
pintadas por um alucinado artista.

No canto do quarto
o abajur vermelho mal ilumina
meu corpo desnudo que treme de medo
quando olho através da janela
e vejo os olhos que me olham.

Na folha de rascunho em branco
rascunho alguns versos
para me esconder do meu medo,
mas as palavras são frágeis e inúteis
e frágil quedo diante
dos olhos que me olham através da janela.

Ainda cantarolo frases de uma canção
sobre uma velha e louca paixão.
Congelo meu pranto,
no entanto,
meus olhos olham os olhos
que me olham pelos vãos da janela

Seguro a bandeja com a cabeça de João Batista
como um Hamlet qualquer
me ponho a indagar sobre quem sou.
Perdido na indagação, me perco no dilema
de como escapar dos olhos que me olham.


Jorge Nicoli

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            GRÁFICA COLOR 7

Sacolas e embalagens




CAPAS DE LP

Série “Além do Tempo e da Imaginação”






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            GRÁFICA COLOR 7

Sacolas e embalagens




Os verdadeiros burros
e os falsos loucos

O mais esperto dos homens é aquele que, pelo menos no meu parecer, espontaneamente, uma vez por mês, no mínimo, se chama a si mesmo asno..., coisa que hoje em dia constitui uma raridade inaudita.

Outrora dizia-se do burro, pelo menos uma vez por ano, que ele o era, de fato; mas hoje... nada disso.

E a tal ponto tudo hoje está mudado que, valha-me Deus!, não há maneira certa de distinguirmos o homem de talento do imbecil. Coisa que, naturalmente, obedece a um propósito.

Acabo de me lembrar, a propósito, de uma anedota espanhola. Coisa de dois séculos e meio passados dizia-se em Espanha, quando os franceses construíram o primeiro manicômio: «Fecharam num lugar à parte todos os seus doidos para nos fazerem acreditar que têm juízo».

Os espanhóis têm razão: quando fechamos os outros num manicômio, pretendemos demonstrar que estamos em nosso perfeito juízo. «X endoideceu...; portanto nós temos o nosso juízo no seu lugar». Não; há tempos já que a conclusão não é lícita.


Fiodor Dostoievski,
1821/1881
Escritor russo

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            GRÁFICA COLOR 7

Sacolas e embalagens


sábado, 28 de novembro de 2015



CAPAS DE LP

Série “Enquanto o Fim Está Distante”







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CONSERVATÓRIO

Lorena

Um Novo Espaço de Arte e Cultura





O cortejo ingênuo
dos nossos sonhos

Não desenhamos uma imagem ilusória de nós próprios, mas inúmeras imagens, das quais muitas são apenas esboços, e que o espírito repele com embaraço, mesmo quando porventura haja colaborado, ele próprio, na sua formação.

Qualquer livro, qualquer conversa podem fazê-las surgir; renovadas por cada paixão nova, mudam com os nossos mais recentes prazeres e os nossos últimos desgostos.

São, contudo, bastante fortes para deixarem, em nós, lembranças secretas que crescem até formarem um dos elementos mais importantes da nossa vida: a consciência que temos de nós mesmos tão velada, tão oposta a toda a razão, que o próprio esforço do espírito para a captar a faz anular-se. 

      Nada de definido, nem que nos permita definir-nos; uma espécie de potência latente... como se houvesse apenas faltado a ocasião para cumprirmos no mundo real os gestos dos nossos sonhos, conservamos a impressão confusa, não de os ter realizado, mas de termos sido capazes de os realizar. Sentimos esta potência em nós como o atleta conhece a sua força sem pensar nela.

Atores miseráveis que já não querem deixar os seus papéis gloriosos, somos, para nós mesmos, seres nos quais dorme, amalgamado, o cortejo ingênuo das possibilidades das nossas acções e dos nossos sonhos.


André Malraux,
1901/1976
Escritor e político francês

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CONSERVATÓRIO

Lorena

Um Novo Espaço de Arte e Cultura



Cerimônia Funesta

O corpo não responde
às vozes de comando,
como um cão estropiado
já desdenha os apelos
os antigos convites
às funestas moradas,
esqueceu-se do ponto
vai olvidando senhas
os códigos das grutas
acumulando lixos
as servidões austeras
diluem-se num canto
o corpo não atende chamadas
não estremece ao ruído da chave
não suporta
qualquer intromissão
secou num aterro,
os restos à vista
a memória escava
da lembrança os rastos
avidamente suga
de tal fausto os ossos,
de tão vitais cerimônias
nos tão secretos barcos
mesmo o pouco que resta
ainda se mastiga. 


Fátima Maldonado
Poeta e jornalista portuguesa


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CONSERVATÓRIO

Lorena

Um Novo Espaço de Arte e Cultura


sexta-feira, 27 de novembro de 2015

TEATRO




Esta linda atriz Carmen Xavier
está no
O ENSAIO N. 2
Grupo de Teatro “Sábia Indecisão”
Dia 9,  quarta feira
19:30 h
Casa da Cultura de Lorena

Apoio:
CONSERVATÓRIO
Lorena






CAPAS DE LP

Série “Sexta feira, 27”





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SOPA DE CEBOLA

Compartilhando inteligência






Tropicália

Sob o sol que pinta o infinito de dourado
corro para seus abraços
e faço desenhos com o giz.
O vento assovia versos de amor,
a espaçonave navega no espaço aberto.

O cristo liberto da cruz corre pelado
pela chuva para lavar as feridas.
A moça que me abraça me seduz
e eu navego no mel dos seus olhos.

Na anacrônica vitrola roda a voz de Gil
cantando  as coisas da América,
o jornal fala das coisas corriqueiras
e o garoto faz suas brincadeiras
com as pedras e os sonhos.
A mulata vestida de azul e amarelo
gasta sua sandália de prata para gringo aplaudir.
Nos céus a bomba explode
e inunda a cidade com as cores verde e branca.

La na rua a vida que passa,
aqui dentro me aninho no seu sorriso
e adormeço nos seus abraços.

Jorge Nicoli

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SOPA DE CEBOLA

Compartilhando inteligência




Nós é que não estamos prontos

Nós é que não estamos prontos. Os objetos da nossa felicidade existem há dias, anos, talvez séculos; esperam que a luz se faça em nossos olhos para os vermos, e que o vigor chegue aos nossos braços para os agarrarmos.

Eles esperam e espantam-se de há tanto tempo ali estarem inúteis.

 Sofremos, sofremos de cada vez que duvidamos de alguém ou de qualquer coisa, mas o nosso sofrimento transforma-se em alegria logo que apreendemos, nessa pessoa ou nessa coisa, a beleza imortal que nos fazia amá-la. 

Jeanne Vietinghoff
1875;1926
Escritora belga 

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SOPA DE CEBOLA

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quinta-feira, 26 de novembro de 2015



CAPAS DE LP

Série “Então. Né” 





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CONSERVATÓRIO

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Um Novo Espaço de Arte e Cultura



CAPAS DE LP

Série “Então. Né” 







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CONSERVATÓRIO

Lorena

Um Novo Espaço de Arte e Cultura




A procura da sabedoria

Era uma vez uma pessoa que procurava a sabedoria. Tinham-lhe dito que para a atingir tinha sempre de aceitar e recusar ao mesmo tempo tudo o que lhe fosse oferecido, dito ou mostrado.

Quando perguntava por onde era o melhor caminho e lhe diziam «é por ali» ela devia seguir imediatamente nesse sentido e depois no sentido contrário.

Tendo assim percorrido todas as direções indicadas e as não indicadas, sem mais caminhos a percorrer, sentou-se no chão e começou a chorar. Sem saber, tinha chegado.

Ana Hatherly,

Poeta, romancista, ensaísta, artista plástica portuguesa 

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Lorena

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Um Blues

Tudo certo, o caminho está correto,
mas ando pelas trilhas tortas,
fechando as portas e seguindo as setas
que apontam para algum lugar.

No azulado espaço, as nuvens desenham
figuras surreais em tons cinzas.
No chão as serpentes se aninham
nos abraços da menina ruiva.

As portas fechadas me jogam
para as trilhas tortas,
onde as setas me orientam
a seguir rumo ao nada.


Jorge Nicoli

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CONSERVATÓRIO

Lorena

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PARA REFLETIR

A vida é feita de encontros e desencontros, de encantos e desencantos, de acertos e erros, de se encontrar e de se perder. Não entender isso é tentar se esconder para não viver e a vida não gosta de brincar de esconde-esconde.
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Lorena
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quarta-feira, 25 de novembro de 2015



PARA REFLITIR


            Se preocupar em viver a  eternidade  é hfg medo de viver a vida.

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CAPAS DE LP

Série “Nada é Impossível

Reprodução/CD

Reprodução/CD

 Reprodução/CD

 

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Lorena

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Um Samba Canção

As estátuas dos doze demônios,
esculpidas em cobre
com detalhes em roxo e carmim
guardam a entrada da pequena cidade,
onde morcegos e urubus
disputam o espaço
no cemitério povoado por velhos fantasmas
que rezam o terço feito com restos
de uma nave espacial.

Os túmulos ostentam os anjos barrocos
enfeitados por flores mortas
e as velas coloridas iluminam a morte.

A cigana em trajes de Iemanjá
lê a sorte de velhas e moças,
e diante da capela em ruínas,
bruxas trajando branco
dançam entoando pontos de Umbanda.

Ao longe a banda de monges
executa a sinfonia para Baco
e a mãe pede perdão
pelo parto do Menino Deus,

As nuvens de incenso cobrem a pequena cidade,
os anjos tortos prometem tempos felizes
e num quarto quase vazio,
o menino se abraça às lembranças
de mão ter tido pai nem mãe.

Jorge Nicoli

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CONSERVATÓRIO

Lorena

Um Novo Espaço de Arte e Cultura





A esterilidade do ódio

O ódio é um sentimento negativo que nada cria e tudo esteriliza: - e, quem a ele se abandona, bem depressa vê consumidas na inércia as forças e as faculdades que a Natureza lhe dera para a ação.

O ódio, quando impotente, não tendo outro objeto direto e nem outra esperança senão o seu próprio desenvolvimento - é uma forma da ociosidade.

É uma ociosidade sinistra, lívida, que se encolhe a um canto, na treva.  Mas que esse sentimento seja secundário na vasta obra que temos diante de nós, agora que acordamos - e não essencial, ou supremo e tão absorvente que só ele ocupe a nossa vida, e se substitua à própria obra.

Eça de Queirós
que nasceu em Portugal
em 25 de novembro de 1845

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CONSERVATÓRIO

Lorena

Um Novo Espaço de Arte e Cultura