Os verdadeiros burros
e os falsos loucos
O mais esperto dos
homens é aquele que, pelo menos no meu parecer, espontaneamente, uma vez por
mês, no mínimo, se chama a si mesmo asno..., coisa que hoje em dia constitui
uma raridade inaudita.
Outrora dizia-se do
burro, pelo menos uma vez por ano, que ele o era, de fato; mas hoje... nada
disso.
E a tal ponto tudo
hoje está mudado que, valha-me Deus!, não há maneira certa de distinguirmos o
homem de talento do imbecil. Coisa que, naturalmente, obedece a um propósito.
Acabo de me
lembrar, a propósito, de uma anedota espanhola. Coisa de dois séculos e meio
passados dizia-se em Espanha, quando os franceses construíram o primeiro manicômio:
«Fecharam num lugar à parte todos os seus doidos para nos fazerem acreditar que
têm juízo».
Os espanhóis têm
razão: quando fechamos os outros num manicômio, pretendemos demonstrar que
estamos em nosso perfeito juízo. «X endoideceu...; portanto nós temos o nosso
juízo no seu lugar». Não; há tempos já que a conclusão não é lícita.
Fiodor Dostoievski,
1821/1881
Escritor russo
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GRÁFICA
COLOR 7
Sacolas e embalagens
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