quinta-feira, 19 de novembro de 2015


Verdade é coerência

Não há verdade, nem necessidade absoluta. Chamamos verdadeiro a um conceito, que concorda com o sistema geral de todos os nossos conceitos; verdadeira a uma percepção, que não contradiz o sistema das nossas percepções; verdade é coerência.

E, no que respeita a todo o sistema, ao conjunto, dado que, fora dele, não existe nada que seja para nós conhecido, não podemos dizer se é ou não verdadeiro.

É imaginável que o universo seja, em si, fora de nós, muito diferente daquilo que nos parece, ainda que esta seja uma suposição que carece de todo o sentido racional.

E, no que toca à necessidade, há uma necessidade absoluta? Necessário não é senão aquilo que é, e enquanto o é, pois que, noutro sentido mais transcendental, que necessidade absoluta, lógica, independente do fato de que o universo existe, há de que haja universo ou qualquer outra coisa? 

             O relativismo absoluto, que não é mais nem menos do que o ceticismo, no sentido mais moderno desta denominação, é o triunfo supremo da razão raciocinante. 


Miguel de Unamuno,
1864/1936
Filósofo e escritor espanhol

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CONSERVATÓRIO

Lorena

Um Espaço de Arte e Cultura


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