terça-feira, 12 de maio de 2015

Envelhecer

Envelhecer, caminho natural da existência humana, se aproximando da morte, final inexorável. Se bem que, vez ou outra, a morte resolva interferir nesta lógica. Quando não, caminhamos para o envelhecimento, para a diminuição gradativa da energia. O envelhecer nos fragiliza, nos enfraquece, física e psicologicamente, ainda mais se nos deixamos abater por estarmos envelhecendo.
Não há como paralisar a corrida do tempo, não há como estancar o transbordamento das energias, não há como segurar o ritmo da existência. Não raro nos enganamos pensando que  roupas jovens nos tornará mais jovens ou que locais joviais nos trará jovialidade. O envelhecer não se deixa contaminar pelas aparências. O envelhecer tem um certo tom de crueldade, por isso corremos o risco de nos tornarmos tolos quando perdemos o contato com a realidade.  Uma realidade dura, pois estamos impregnados de lembranças, fomos crianças, adolescentes, jovens, tínhamos cabelos,  dentes fortes, faces lisas, olhos brilhantes, pulamos corda ou jogamos futebol,  trocamos olhares com outro jovem,  sonhamos, sonhos palpáveis ou não. Mas sonhos. Hoje nossa face reflete o passar da vida, há rugas e olhos não tão vivos. Lembrar faz bem, porém é preciso não se prender às lembranças, que só servem como lembranças.
É possível, até saudável, aproximar-se dos jovens. Nos  rejuvenesce. É possível que esta sensação tome conta de nosso ser, só não é possível voltar a ser jovem. Envelhecer não nos tira a capacidade de, ainda, sonhar, sonhos maduros,  como é possível se apaixonar, assim os olhos voltarão a brilhar. Acreditar na possibilidade de fazer coisas como pintar, bordar, dançar, praticar esportes, subir nos palcos, cantar, tocar um instrumento. Sim, tudo possível, desde que se tenha consciência de nossas limitações, de nosso envelhecer. Aproveitar o envelhecimento para amadurecer, perceber que caminhamos e que ainda temos o que caminhar. Não se preocupar com o tempo que resta, mas com o tempo que temos para percorrer o caminho, mais curto ou mais longo, não importa, o que importa é caminhar,  carregando nos ombros, não o peso da idade, mas a leveza do envelhecer  com dignidade.

Jorge Nicoli


Chamomila
Parceira do
Sopa de Cebola


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