O Desfile
Os movimentos são descordenados,
os suores escorrem pelos corpos desnudos,
enquanto o cheiro de lascívia domina o palco
construído por cima do riacho,
onde flutuam carcaças e fetos.
As cores se misturam com as flores de ferro retorcido,
os braços dormentes retiram a máscara
velha da velha meretriz.
A decadente atriz representa Salomé
e Herodes devora a cabeça do João sem teto.
O juiz bêbado absolve assassinos e estupradores,
no instante que Sócrates sacia sua fome
com a hóstia ensangüentada
sorvendo goles do vinho envenenado.
O casal de indigentes conduz orgulhosamente
o pavilhão dos sem destino,
protegido pela comissão dos sem terra.
A alegoria feita com gazes e algodão
representa a luta dos miseráveis
e a bateria dos sem abrigo
executa o samba de enredo
que exalta os deserdados.
O apito feito de detritos nucleares
marca os passos dos mártires sem glória
e a platéia extasiada repete
o refrão que canta a morte do Pai.
Jorge Nicoli
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Grupo de Teatro
“Sábia Indecisão”
O ENSAIO N. 2
Nesta quarta, dia 9
19:30 h
Casa da Cultura
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