quarta-feira, 9 de dezembro de 2015


Viver é não saber
que se vive

Ponho-me, às vezes, a olhar para o espelho e a examinar-me, feição por feição: os olhos, a boca, o modelado da fronte, a curva das pálpebras, a linha da face... E esta amálgama grosseira e feia, grotesca e miserável, saberia fazer versos? Ah, não! Existe outra coisa... mas o quê?

Afinal, para que pensar? Viver é não saber que se vive. Procurar o sentido da vida, sem mesmo saber se algum sentido tem, é tarefa de poetas e de neurastênicos.

Só uma visão de conjunto pode aproximar-se da verdade.

Examinar em detalhe é criar novos detalhes. Por debaixo da cor está o desenho firme e só se encontra o que se não procura. Porque me não esqueço eu de viver... para viver?


Florbela Espanca,
1894/1930
Poetisa portuguesa

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TEATRO

Hoje, quarta, 19:30 h
na Casa da Cultura

O ENSAIO N. 2



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