Viver é não saber
que se vive
Ponho-me, às vezes,
a olhar para o espelho e a examinar-me, feição por feição: os olhos, a boca, o
modelado da fronte, a curva das pálpebras, a linha da face... E esta amálgama
grosseira e feia, grotesca e miserável, saberia fazer versos? Ah, não! Existe outra
coisa... mas o quê?
Afinal, para que
pensar? Viver é não saber que se vive. Procurar o sentido da vida, sem mesmo
saber se algum sentido tem, é tarefa de poetas e de neurastênicos.
Só uma visão de
conjunto pode aproximar-se da verdade.
Examinar em detalhe
é criar novos detalhes. Por debaixo da cor está o desenho firme e só se
encontra o que se não procura. Porque me não esqueço eu de viver... para viver?
Florbela Espanca,
1894/1930
Poetisa portuguesa
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TEATRO
Hoje, quarta, 19:30
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na Casa da Cultura
O ENSAIO N. 2
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