Reflexão sobre a paz
Paz é a palavra mais usada nas festividades de final de ano. Um
costume que se cristalizou e tornou-se hábito.
Todos a repetem, de maneira quase automática, sem se dar conta de
seu significado.
Pode ser que, um ou outro, a reproduza enchendo-a de sentimentos,
porém a maioria apenas repete um velho jargão que contém a tal palavra.
Talvez porque sente que no outro existe o desejo de ter a paz,
embora pouca gente seja capaz de definir o que seja a paz e sua efetiva
serventia.
Serviria para acalmar a eterna angústia que acompanha o ser
humano? Ou serviria para cessar os conflitos sociais?
E o que faríamos num mundo em paz? Nos acomodaríamos nos colchões
da inércia, iríamos nos sucumbir diante do nada.
A paz interior aniquilaria a força, destruiria a criatividade e o
homem se tornaria um zumbi.
É a angústia que impulsiona o ser humano para a vida, que o faz
criativo. Que o faz viver.
O homem em paz seria tragado pelo comodismo, pelo conformismo e
caminharia para o nada, da mesma maneira que o mundo pacificado caminharia para
o caos.
E a quem interessa um mundo em paz? Apenas às classes dominantes,
aos
dominados
resta o lixo produzido pelos dominadores.Na realidade a classe dominante detesta os gritos das ruas, dos excluídos, ela prefere a paz, mas a dos cemitérios.
Jorge Nicoli
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SOPA DE CEBOLA
Boletim de Arte e Cultura
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