Uma Poesia de Amor
De manhã,
quando olhei no espelho
e não me vi
comecei a pensar
sobre onde poderia estar.
Numa nave espacial
abduzido por alienígenas?
Na lua, junto a Jorge,
meu padrinho
que me resgatara do
deserto
onde não havia divindades?
Poderia estar
voando por sobre as florestas escuras,
perdido, num vôo cego
sem destino.
Onde estou?
Escondido nos vãos de dentro de mim
ou me agarrando aos anacrônicos sonhos?
Quem sabe
esteja sentado à mesa,
falando de filosofia com o demônio.
ou discutindo com Deus
o significado da vida.
Estaria eu
a correr atrás
das mesmas paixões improváveis?
Ou a procurar a saída do labirinto,
onde moram os dragões,
criados pela minha mente insana?
Talvez
tenha sido levado, sorrateiramente,
pela morte.
De repente, abro os olhos
e me vejo ainda no quarto,
aprisionado pela saudade,
atenta carcereira a me vigiar
desde que tu partiste.
Jorge Nicoli
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CASA
SETE
Lingüiça
de carne suína
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