quarta-feira, 30 de dezembro de 2015



Reflexão sobre o não ser famoso

Não sou um exemplo de coerência, embora consiga manter atitude condizente com o discurso do momento. Não raro, mudo a direção dos meus passos, da mesma forma que transmudo o pensar para isso ou para aquilo.

Sinto-me uma figura dual, quem sabe, até bipolar. Um vaidoso no limite de Narciso, ao mesmo tempo, se esquivando de qualquer possibilidade de ser famoso.

Aliás, a fama me incomoda, por ter a sensação que terei de dividir minha individualidade, compartilhar minha privacidade com pessoas que mal conheço. Existem coisas que só dizem respeito a mim.

Conceder autógrafos seria um sacrifício épico. Um caminhar para o Calvário.

Nada contra quem faz sucesso, que gosta da fama, como nada de errado se enriquecer com a fama.

A vida é feita de escolhas- frase óbvia, mas cabe aqui – e eu escolhi não querer ser famoso. Grande contradição, um vaidoso, de fazer inveja a qualquer Narciso,, não tolerar seu próprio sucesso. Talvez nem tenha talento para ser um famoso, porém há pessoas, mesmo sem o devido talento, vivem correndo atrás da fama.
Mas vai além, com a fama vem naturalmente a idolatria, ser responsável pela admiração do outro me causa temor. Não saberia como me comportar.

Ser admirado por algo que não sou. E se o sou, que importância tem?

Pensar que posso ter alguns fãs e seguidores me apavora. Não tenho a menor idéia de como se porta um ídolo ou um guru.

Gosto de ser elogiado por um texto ou por um trabalho – afinal sou um Narciso – porém me alegra muito mais o compartilhar de minhas reflexões. Este compartilhar me faz sentir como é bom ser famoso.

Jorge Nicoli


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CASA SETE

Lingüiça de carne supina e hamburguer caseiro


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