A religião como ficção
- A fé é uma
resposta instintiva a aspectos da existência que não podemos explicar de outro
modo, seja o vazio moral que percebemos no universo, a certeza da morte, a
própria origem das coisas, o sentido da nossa vida ou a ausência dele.
São aspectos elementares
e de extrema simplicidade, mas as nossas limitações impedem-nos de responder de
modo inequívoco a essas perguntas e por isso geramos, como defesa, uma resposta
emocional. É simples e pura biologia.
- Então, a seu ver, todas as crenças ou ideais não passariam de uma
ficção.
- Toda a
interpretação ou observação da realidade o é necessariamente.
Neste caso, o
problema reside no fato de o homem ser um animal moral abandonado num universo
amoral e condenado a uma existência finita e sem outro significado que não seja
perpetuar o ciclo natural da espécie.
É impossível
sobreviver num estado prolongado de realidade, pelo menos para o ser humano.
Passamos uma boa parte das nossas vidas a sonhar, sobretudo quando estamos
acordados. Como digo, pura biologia.
Carlos Ruiz Zafón,
Escritor espanhol
nascido em 1964
Escritor espanhol
nascido em 1964
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