sexta-feira, 24 de abril de 2015




Cinema em Casa

Relatos Selvagens (Relatos Salvages, Argentina/Espanha, 2014, direção de Damián Szifron,  com Oscar Martinez, Erica Ribas, Mônica Nilla, Ricardo Darin. Todos sabem da grande rivalidade entre o futebol brasileiro e o argentino: qual a melhor seleção? Os melhores jogadores? Agora, se o assunto for cinema e os filmes, a Argentina dá de goleada, sem dúvida nenhuma. O cinema argentino tem feito bonito e alguns filmes já foram laureados em importantes festivais internacionais e já levou para casa o prêmio que o Brasil  persegue há anos, o Oscar  e foram dois: “A História Oficial,1985 e O Segredo de seus Olhos, 2009.
Vale tal preâmbulo para falar de uma produção recente que fez grande sucesso de bilheteria e crítica, em vários países e claro, concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro 2015; trata-se de Relatos Selvagens. Uma clara demonstração do nível da atual produção portenha.  Um cinema vigoroso, crítico, robusto e com muitas coisas interessantes para mostrar e contar. E, muito particularmente, causa certa inveja, ao muitas vezes “moribundo e deficitário” cinema made in Brasil.
Relatos Selvagens é uma comédia com muitas pitadas de drama, suspense e muito humor negro explícito ou nas entrelinhas (ou entre fotogramas?), são seis histórias,  onde, nem sempre, todas s seguem o mesmo ritmo, apesar de ter o mesmo diretor. O roteirista/diretor Damián Szifron traz seis acontecimentos do cotidiano de pessoas comuns; a rotina do trabalho, uma viagem aérea, um acidente de carros;  uma festa de casamento. Histórias que podem ou poderiam acontecer com qualquer ser vivo. O universal se particularizara em cada história: vingança, agradecimento, esperança, sonho, amor, ódio, raiva, perplexidade diante de fatos, aparentemente, sem soluções fáceis. Um retrato sem retoques ou sem fotoshop aparece em cada um dos relatos, selvagens ou mesmo bárbaros no sentido da crueldade, que pode  brotar inesperadamente como resposta a um determinado estímulo. Algumas situações são hilárias, mas tornam-se trágicas, com o passar do tempo. Um clima nonsense percorre o filme. A complexidade e os porquês das atitudes humanas desfilam pela tela. O “lado b” do ser humano está todo lá. Não seria errado afirmar que aparece um quase raio-X da alma humana!
O elenco que conta as histórias é fantástico, o nome mais promissor do atual momento do cinema argentino se faz presente: Ricardo Darin.
Para se ver junto e surgirão boas discussões e reflexões, assuntos pertinentes que despertam a vontade de questionamentos. Veja mesmo. Vale lembrar que é uma co-produção argentina/espanhola e tem o, não menos genial, cineasta Pedro Almodóvar envolvido na produção.

Joel B. Ramos
Colaborador do Sopa de Cebola
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Vitória Parra
parceira do

Sopa de Cebola

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