Cinema em Casa
Relatos Selvagens (Relatos Salvages,
Argentina/Espanha, 2014, direção de Damián Szifron, com Oscar Martinez, Erica Ribas, Mônica Nilla,
Ricardo Darin. Todos sabem da grande rivalidade entre o futebol brasileiro e o
argentino: qual a melhor seleção? Os melhores jogadores? Agora, se o assunto
for cinema e os filmes, a Argentina dá de goleada, sem dúvida nenhuma. O cinema
argentino tem feito bonito e alguns filmes já foram laureados em importantes
festivais internacionais e já levou para casa o prêmio que o Brasil persegue há anos, o Oscar e foram dois: “A História Oficial,1985 e O
Segredo de seus Olhos, 2009.
Vale tal
preâmbulo para falar de uma produção recente que fez grande sucesso de
bilheteria e crítica, em vários países e claro, concorreu ao Oscar de melhor
filme estrangeiro 2015; trata-se de Relatos Selvagens. Uma clara demonstração
do nível da atual produção portenha. Um
cinema vigoroso, crítico, robusto e com muitas coisas interessantes para
mostrar e contar. E, muito particularmente, causa certa inveja, ao muitas vezes
“moribundo e deficitário” cinema made in Brasil.
Relatos
Selvagens é uma comédia com muitas pitadas de drama, suspense e muito humor negro
explícito ou nas entrelinhas (ou entre fotogramas?), são seis histórias, onde, nem sempre, todas s seguem o mesmo
ritmo, apesar de ter o mesmo diretor. O roteirista/diretor Damián Szifron traz
seis acontecimentos do cotidiano de pessoas comuns; a rotina do trabalho, uma
viagem aérea, um acidente de carros; uma
festa de casamento. Histórias que podem ou poderiam acontecer com qualquer ser
vivo. O universal se particularizara em cada história: vingança, agradecimento,
esperança, sonho, amor, ódio, raiva, perplexidade diante de fatos, aparentemente,
sem soluções fáceis. Um retrato sem retoques ou sem fotoshop aparece em cada um
dos relatos, selvagens ou mesmo bárbaros no sentido da crueldade, que pode brotar inesperadamente como resposta a um
determinado estímulo. Algumas situações são hilárias, mas tornam-se trágicas,
com o passar do tempo. Um clima nonsense percorre o filme. A complexidade e os
porquês das atitudes humanas desfilam pela tela. O “lado b” do ser humano está
todo lá. Não seria errado afirmar que aparece um quase raio-X da alma humana!
O elenco que
conta as histórias é fantástico, o nome mais promissor do atual momento do
cinema argentino se faz presente: Ricardo Darin.
Para se ver
junto e surgirão boas discussões e reflexões, assuntos pertinentes que despertam
a vontade de questionamentos. Veja mesmo. Vale lembrar que é uma co-produção
argentina/espanhola e tem o, não menos genial, cineasta Pedro Almodóvar
envolvido na produção.
Joel B. Ramos
Colaborador do
Sopa de Cebola
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Vitória Parra
parceira do
Sopa de Cebola
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