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Quando nasci
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Quando eu nasci, um cavaleiro que
montava um belo cavalo branco me batizou . Meu pai, meus avós se embebedaram
com vinho barato, cantaram de alegria, minha mãe chorou. No meio da algazarra
meu padrinho disse alguma coisa. Não ouvi direito. Cresci, meu pai e meus avós
se foram, minha mãe ficou, mas um dia também se foi. Pouco fiquei só, vieram
companheiras e filhos, amigos e desafetos.
Vez ou outra me lembro de meu
padrinho, mas não do que disse, neste momento penso que era um conselho.. Não
sei. Uma advertência. Quem sabe? Uma missão destinada a mim. Pode ser. Não
poucas vezes tentei falar com ele, só que nunca obtive nenhuma resposta. Assim
vou vivendo, um pouco sem rumo, disperso, sem muito cuidado com isso ou aquilo.
Sem olhar para trás e pouco olhando para a frente, caminho me perdendo nas
paixões improváveis e me encontrando em afagos efêmeros. Me guiando pelo
instinto, me apoiando em lampejos de lucidez. Caminho, tropeçando nos seixos,
sustentando nos eixos invisíveis.
Vivo sem saber bem o porque, mas
tendo como consolo a esperança de que meu padrinho volte para dizer o que faço
com as coisas que tenho nas mãos.
Jorge Nicoli
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