sábado, 25 de abril de 2015



Traço de implicância
À medida que  envelhece o ser humano torna-se mais implicante, com menos paciência. Comigo não é diferente, já beirando os 70. Não sou um implicante grosseiro muito menos deselegante. Não perco a compostura com filas, nem com a cara de mofo de algumas caixas de supermercados. Não esbravejo quando o supermercado fica com um ou dois centavos meus, da mesma forma que suporto esperar quem usa o caixa preferencial pagar as contas da família toda, não raro, da rua inteira. Mas, confesso, minha implicância se manifesta, porém se resume em comentários com amigos ou numa pequena catarse escrevendo, como faço agora.
Mas tem outra coisa que meu traço implicante se revela, embora não me afete diretamente, é o aparelho de televisão em restaurantes. Sento sempre  de costas para o tal e o que me impressiona é  a família sair para jantar ou comer uma pizza ficar comendo assistindo novela ou umas dessas bobagens televisas. Apenas transferem a sala para o restaurante.  
Além disso vivo me perguntando: qual a simbiose entre o  ônibus e o celular?  A pessoa adentra ao coletivo e já saca, da bolsa ou do bolso, o  aparelho. Pode ser um fetiche. Não sei. E porque alguém leva celular  quando vai ao cinema, ao teatro ou a um campo de futebol? Para fotografar, quem sabe, o problema é que alguns conversam durante a partida e não o desligam no teatro ou no cinema.
A lista de implicância é mais extensa, mas fico por aqui pensando em fazer terapia, me imaginando vivendo mais uns 10 ou 15 anos.
Jorge Nicoli
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