Uma noite vaga
Pela
porta aberta vejo pousada no varal a ave noturna, fazendo companhia para
trapos em verde e amarelo e restos da mortalha
de Cristo.. Lá no alto Jorge tímido sorri
para a flor roxa do meu quintal. No quarto, meus vagos olhares vagueiam pelo
vazio.
Um
grito recorta o silêncio da noite e atravessa a parede do meu quarto.
Um
animal se esconde atrás da imagem de
Nossa Senhora e um corpo jovem jaz caído
entre duas cruzes de madeira, enquanto a vela se consome no altar
central.
Alheio
a tudo, e protegido por lobos e raposas,
o mendigo dorme nas ruínas do coreto da
praça que leva o nome do Padroeiro da conservadora e moralista cidade, Jorge se esconde atrás da nuvem negra
Enquanto
isso, eu me acomodo no vazio do quarto,
com vagos devaneios sobre o nada.
Jorge
Nicoli
TB Engenharia
parceira do
Sopa de Cebola
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