terça-feira, 28 de abril de 2015



Uma noite vaga

Pela porta aberta vejo pousada no varal a ave noturna, fazendo companhia para trapos  em verde e amarelo e restos da mortalha de Cristo.. Lá no alto  Jorge tímido sorri para a flor roxa do meu quintal. No quarto, meus vagos olhares vagueiam pelo vazio.
Um grito recorta o silêncio da noite e atravessa a parede do meu quarto.
Um animal se esconde  atrás da imagem de Nossa Senhora e um corpo jovem jaz caído  entre duas cruzes de madeira, enquanto a vela se consome no altar central.
Alheio a tudo, e  protegido por lobos e raposas, o mendigo dorme nas  ruínas do coreto da praça que leva o nome do Padroeiro da conservadora e moralista  cidade,  Jorge se esconde atrás da nuvem negra
Enquanto isso, eu  me acomodo no vazio do quarto, com vagos devaneios  sobre o nada.

Jorge Nicoli




TB Engenharia
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