sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016


A necessidade da filosofia

A filosofia não brota por ser útil, mas tão-pouco pela ação irracional de um desejo veemente. É constitutivamente necessária ao intelectual. Por que? A sua nota radical era buscar o todo como um tal todo, capturar o Universo, caçar o Unicórnio.

Mas por que esse profundo anseio? Por que não nos contentamos com o que, sem filosofar, achamos no mundo, com o que já é e aí está patente diante de nós?

Por esta simples razão: tudo o que é e está aí, quanto nos é dado, presente, patente, é por sua essência um mero bocado, pedaço, fragmento, coto. E não podemos vê-lo sem prever e verificar que está a menos a porção que falta.

Em todo o ser que é dado, em todo o dado do mundo encontramos a sua essencial linha de fratura, o seu caráter de parte e só parte - vemos a ferida da sua mutilação ontológica, grita-nos a sua dor de amputado, a sua nostalgia do bocado que lhe falta para ser completo, o seu divino descontentamento.
O descontentamento é «um amar sem amado e uma como dor que sentimos em membros que não temos». É o achar de menos o que não somos, o reconhecermo-nos incompletos e manetas.

Ortega y Gasset,
1883/1955 
Filósofo, nascido na Espanha
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CASA SETE

Lingüiça de carne suína e
hamburquer caseiro 


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