A necessidade da filosofia
A filosofia não
brota por ser útil, mas tão-pouco pela ação irracional de um desejo veemente. É
constitutivamente necessária ao intelectual. Por que? A sua nota radical era
buscar o todo como um tal todo, capturar o Universo, caçar o Unicórnio.
Mas por que esse
profundo anseio? Por que não nos contentamos com o que, sem filosofar, achamos
no mundo, com o que já é e aí está patente diante de nós?
Por esta simples
razão: tudo o que é e está aí, quanto nos é dado, presente, patente, é por sua
essência um mero bocado, pedaço, fragmento, coto. E não podemos vê-lo sem
prever e verificar que está a menos a porção que falta.
Em todo o ser que é
dado, em todo o dado do mundo encontramos a sua essencial linha de fratura, o
seu caráter de parte e só parte - vemos a ferida da sua mutilação ontológica,
grita-nos a sua dor de amputado, a sua nostalgia do bocado que lhe falta para
ser completo, o seu divino descontentamento.
O descontentamento é
«um amar sem amado e uma como dor que sentimos em membros que não temos». É o
achar de menos o que não somos, o reconhecermo-nos incompletos e manetas.
Ortega y Gasset,
Ortega y Gasset,
1883/1955
Filósofo, nascido na Espanha '
Filósofo, nascido na Espanha '
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CASA SETE
Lingüiça de
carne suína e
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