quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016



Uma mulher sem areia nenhuma

Tenho o santo horror da frieza calculada, da boa educação, do prudente juízo duma mulher.

Aos homens pertence tudo isso, e a mulher deve ser muito feminina, muito espontânea, muito cheia de pequeninos nadas que encantem e que embalem.

 Meu amigo, se esperas ter uma mulher sem areia nenhuma, morres de aborrecimento e de frio ao pé dela e não será com certeza ao pé de mim... Comigo hás-de ter sempre que pensar e que fazer.

 Hás-de rir das minhas tolices, hás-de ralhar quando elas passarem a disparates (hão-de ser pequeninos...) e hás-de gostar mais de mim assim, do que se eu fosse a própria deusa Minerva com todo o juízo que todos os deuses lhe deram. 

Florbela Espanca,
1894/1930 
Poetisa, nascida em Portugal

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OFICINA DE TEATRO

Casa da Cultura

Informações 3153 1518 






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