Uma mulher sem areia nenhuma
Tenho o santo
horror da frieza calculada, da boa educação, do prudente juízo duma mulher.
Aos homens pertence
tudo isso, e a mulher deve ser muito feminina, muito espontânea, muito cheia de
pequeninos nadas que encantem e que embalem.
Meu amigo, se esperas ter uma mulher sem areia
nenhuma, morres de aborrecimento e de frio ao pé dela e não será com certeza ao
pé de mim... Comigo hás-de ter sempre que pensar e que fazer.
Hás-de rir das minhas tolices, hás-de ralhar
quando elas passarem a disparates (hão-de ser pequeninos...) e hás-de gostar
mais de mim assim, do que se eu fosse a própria deusa Minerva com todo o juízo
que todos os deuses lhe deram.
Florbela Espanca,
1894/1930
Poetisa, nascida em Portugal
Poetisa, nascida em Portugal
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OFICINA DE TEATRO
Casa da Cultura
Informações 3153 1518
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