O progresso não se deve
ao instinto prático
Precisamos de nos
desfazer do atual preconceito que atribui o desenvolvimento da ciência moderna,
vista a sua aplicabilidade, a um desejo pragmático de melhorar as condições da
vida humana na terra.
A história mostra
claramente que a moderna tecnologia resultou não da evolução daquelas
ferramentas que o homem sempre havia inventado para atenuar o labor e de erigir
o artifício humano, mas exclusivamente da busca de conhecimento inútil,
inteiramente desprovido de senso prático.
Assim, o relógio,
um dos primeiros instrumentos modernos não foi inventado para os fins da vida
prática, mas exclusivamente para a finalidade altamente «teórica» de realizar
certas experiências com a natureza.
É certo que esta
intervenção, logo que a sua utilidade prática foi percebida, mudou o ritmo e a
própria fisionomia da vida humana; mas isto, do ponto de vista dos inventores,
foi um mero acidente.
Se tivéssemos de
confiar apenas nos chamados instintos práticos do homem, jamais teria havido
qualquer tecnologia digna de nota; e, embora as invenções técnicas hoje
existentes tragam em si um dado impulso que, provavelmente, gerará melhoras até
um certo ponto, é pouco provável que o nosso mundo condicionado à técnica
pudesse sobreviver, e muito menos continuar a desenvolver-se, se conseguíssemos
convencer-nos de que o homem é, antes de tudo, uma criatura prática.
Hannah Arendt,
Hannah Arendt,
14 1906/1975
Filósofa política, nascida na Alemanha
Filósofa política, nascida na Alemanha
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GRUPO DE TEATRO
“SÁBIA INDECISÃO”
O Teatro como Arte
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