O prazer é abrir as mãos
O prazer é abrir as
mãos e deixar escorrer sem avareza o vazio-pleno que se estava encarniçadamente
prendendo.
E de súbito o
sobressalto: ah, abri as mãos e o coração, e não estou perdendo nada! E o
susto: acorde, pois há o perigo do coração estar livre!
Até que se percebe
que nesse espraiar-se está o prazer muito perigoso de ser. Mas vem uma
segurança estranha: sempre ter-se-á o que gastar. Não ter pois avareza com esse
vazio-pleno: gastá-lo.
Clarice Lispector
1920/1977
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SOPA DE CEBOLA
Boletim de Arte e Cultura
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