sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016



A cada virtude corresponde um vício


Habituo-me a só pensar bem dos meus amigos, a confiar-lhes os meus segredos e o meu dinheiro; não tarda que me traiam.

Se me revolto contra uma perfídia sou eu, sempre, a sofrer o castigo. Esforço-me por amar os homens em geral; faço-me cego aos seus erros e deixo, indulgente ao máximo, passar infâmias e calúnias: uma bela manhã acordo cúmplice.

Se me afasto de uma sociedade que considero má, bem depressa sou atacado pelos demônios da solidão; e procurando amigos melhores, acho os piores.

Mesmo depois de vencer as paixões más e chegar, pela abstinência, a uma certa tranquilidade de espírito, sinto uma auto-satisfação que me eleva acima do próximo; e temos à vista o pecado mortal, a vaidade imediatamente castigada. 

Como explicar que toda a aprendizagem de virtude dê origem a um novo vício?
 

August Strindberg, 
1849/1912 
Romancista e dramaturgo, nascido na Suécia


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GRÁFICA COLOR 7

Tel. 3157 8910 


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